A Irlanda já tinha se acostumado à ideia de sofrer, e muito, para sonhar com Copas do Mundo. Mas, desta vez, a redenção veio na forma de um atacante de 23 anos, sorriso tímido, chute pesado e uma história de amadurecimento longe de casa.
Troy Parrott, formado nas categorias de base do Tottenham e hoje destaque absoluto do AZ Alkmaar, virou o nome do momento no país após duas atuações que beiram o épico nas Eliminatórias para Copa do Mundo de 2026.
Um protagonismo cinematográfico
A trajetória rumo à repescagem para Copa parecia ruir rodada após rodada. A seleção irlandesa acumulava tropeços, enfrentava problemas de criação e dependia de um lampejo individual para seguir respirando no Grupo. Esse lampejo chegou.
Contra a forte seleção de Portugal, quando a Irlanda já parecia condenada a ficar pelo caminho, Parrott fez reluzir o brilho que o acompanhava desde a adolescência no Tottenham. Com dois gols, garantiu a vitória irlandesa sobre os lusos e fez seu país continuar sonhando.
Mas o capítulo mais impressionante ainda estava por vir. Em Budapeste, diante da Hungria, a Irlanda perdia por 2 a 1 e já começava a enxergar o fim. Até que Parrott decidiu escrever outro final.
O atacante anotou um hat-trick histórico, com o gol da classificação vindo nos acréscimos, silenciando a torcida húngara e disparando o coração de milhões de irlandeses mundo afora. De um jogo dramático, nasceu um novo “herói nacional”.
Da promessa do Tottenham ao renascimento na Holanda
O futebol irlandês sempre viu em Parrott um talento especial. Revelado muito jovem no Tottenham, era apontado como uma joia a ser lapidada, alguém que poderia seguir os passos de ídolos como Robbie Keane. Mas a transição para o profissional na Inglaterra não foi simples: falta de minutagem, empréstimos frustrados e um desenvolvimento que parecia emperrar.
Foi apenas na Holanda que Parrott encontrou o ambiente ideal para desabrochar. Primeiro no Excelsior, durante a temporada 2023/2024, onde começou a se reencontrar com o gol, a confiança e o protagonismo. Depois, no AZ Alkmaar, onde finalmente atingiu o nível que muitos previam para ele anos antes.
A caminho do ápice
Defendendo o AZ em 2025, Parrott vive o melhor momento da carreira. Em apenas 14 partidas, ele já balançou a rede 13 vezes , sendo seis pela Eredivisie e sete pela Conference League, desempenho que o transformou em um dos atacantes mais produtivos da temporada no futebol holandês.
Além dos números, o que chama a atenção é a maturidade do jovem irlandês. Parrott virou um atacante mais completo: se movimenta entre linhas, finaliza com precisão e, principalmente, aprendeu a assumir responsabilidades em momentos pesados. Algo que, para muitos irlandeses, o coloca no mesmo patamar emocional de grandes nomes nacionais.
Com apenas 23 anos, Troy Parrott agora carrega sobre os ombros algo que poucos conseguem: a esperança de uma nação inteira. Não apenas por seus gols, mas pela capacidade de transformar situações improváveis em histórias de superação.
A Irlanda ainda não está na Copa do Mundo, e ainda precisa encarar a dura repescagem europeia. Mas, se existe um nome capaz de conduzir o país até lá, esse nome é Troy Parrott. O menino forjado no Tottenham, amadurecido no futebol holandês e que, em duas noites mágicas contra Portugal e Hungria, deixou de ser promessa para virar símbolo.
Um herói nacional, desses que o futebol cria de tempos em tempos para lembrar que, quando tudo parece perdido, sempre pode haver alguém disposto a mudar o destino com um chute.
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