Enquanto a Scaloneta desfila com Messi na América do Norte e Carlo Ancelotti corre contra o tempo para impor seu estilo de jogo na seleção brasileira, Marcelo Bielsa aproveita os primeiros compromissos pós-Eliminatórias para descansar as suas estrelas e promover um vestibular com caras novas na Celeste.
Para os amistosos contra a República Dominicana e o Uzbequistão, Bielsa deixou de fora nomes importantes como Fede Valverde, Darwin Núñez, Ronald Araújo e Rodrigo Bentancur para priorizar jogadores com menos oportunidades durante o ciclo.
Do futebol brasileiro, o quarteto do Flamengo, De Arrascaeta, Matías Viña, Guillermo Varela e De La Cruz, figurinhas carimbadas de Bielsa, ficaram de fora da lista de convocados, abrindo a oportunidade para Pumita Rodríguez, do Vasco, Emiliano Martínez e Facundo Torres, do Palmeiras, e Ignacio Laquintana, do Bragantino.
A tentativa de renovação da seleção uruguaia fica ainda mais evidente com as presenças de Pumita e Facundo Torres como os únicos remanescentes dos convocados para a Copa do Mundo de 2022.
Fim de ciclos
A chegada de Bielsa, em 2023, tem como principal objetivo justamente rejuvenescer a seleção uruguaia neste ciclo e colocar um ponto final em ídolos históricos da Celeste. O perfil direto e experiente do argentino provocou um incômodo no início do trabalho, mas endireitou a seleção para o caminho traçado pela federação.
Após a chegada de Bielsa, nomes experientes como Muslera, Martín Cáceres, Diego Godin e Edinson Cavani não foram mais chamados e tiveram a sua aposentadoria decretada na Celeste. O último sobrevivente da velha guarda charrua foi Luisito Suárez.
O Pistolero se recusou a se despedir com o fracasso no Mundial do Catar e permaneceu na Celeste até a metade do ciclo, na Copa América. Durante os chamados de Bielsa, Suárez sofreu com uma relação tempestuosa com o treinador e confirmou a aposentadoria da seleção sem a chance de disputar uma vaga para a próxima Copa.
Com carta branca para renovar, Bielsa exercitou a criatividade e buscou nomes menos badalados para servir a seleção. Durante as Eliminatórias, o treinador convocou 76 jogadores, sendo a terceira seleção das classificatórias sul-americanas com maior variedade de atletas e a primeira entre as classificadas.
Entre os chamados nas Eliminatórias, 47 sequer haviam atuado pela seleção principal antes de Bielsa e realizaram a sua estreia na Celeste sob os olhos do experiente treinador.
Embora tenha formado uma base durante o ciclo para levar à Copa do Mundo, a seleção uruguaia usará o período entre as Eliminatórias e o Mundial para continuar testando e garimpando peças para este e para o próximo ciclo.
Aos 70 anos, Bielsa ainda não tem permanência garantida para depois da Copa e não tem o perfil para ser um novo Tabárez, comandando a Celeste por vários ciclos. O treinador argentino terá no Mundial a sua grande prova sob o comando da Celeste, mas chega na competição com o sentimento de dever cumprido ao provocar uma verdadeira renovação no Uruguai.
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