Na Europa, em especial na Espanha, é comum utilizar o termo “Vírus Fifa” para criticar os desafios dos grandes clubes em lidar com as convocações de seleções – viagens, desgaste e lesões que volta e meia podem comprometer a temporada. A nova Copa do Mundo de Clubes pode ter caído no gosto do público em geral, mas ainda encontra resistência e promove novos desafios, com um calendário ainda mais apertado.
Com o ano de 2025 chegando ao fim, as consequências começam a ser medidas. E não há como escapar da conclusão: o Bayern de Munique é uma exceção dentre os clubes que chegaram longe na Copa do Mundo. Muitos destes com desgaste evidente e temporada aquém das expectativas.
Com dificuldades para encaixar o Mundial no calendário, pré-temporada e férias reduzida, os clubes europeus sofrem em 2025/26. Já os brasileiros tem um calendário ainda mais inchado, agravando um problema crônico.
Chelsea e PSG – finalistas despedaçados
Para os Blues, a Copa do Mundo de Clubes foi especial. O clube tem investido forte em jogadores para o futuro, e viu no novo torneio a chance de se reafirmar entre as grandes potências do futebol mundial. Incluindo com um reforço que chegou no meio da competição e que acabou por ser decisivo na reta final: o brasileiro João Pedro. Cinco meses após o título, no entanto, o cenário é preocupante para o primeiro campeão.
Enzo Maresca sofre com críticas e até pedidos de demissão. O Chelsea ocupa apenas o quinto posto na sempre disputada Premier League, 13 pontos atrás do líder Arsenal e, mais surpreendente, 10 pontos atrás do Aston Villa, que tem muito menos recursos para a disputa.
As lesões são um problema recorrente e podem justificar em parte temporada abaixo das expectativas. Cole Palmer, grande nome dos Blues, fez apenas nove jogos após o Mundial. João Pedro, também destaque no torneio, teve de atuar parte do semestre com dores e viu seu desempenho cair bruscamente. Com muita rotatividade e escolhas questionáveis, o treinador não conseguiu fazer sua equipe engrenar em 2025/26.
Campeão europeu, vice-campeão Mundial e campeão da Intercontinental, o PSG parece sentir ainda mais o desgaste. Mesmo sem ter muita concorrência em sua liga nacional. As dificuldades ficaram evidentes, por exemplo, contra o Flamengo, com atuações abaixo da média, desfalques importantes como Hakimi e um Dembélé, eleito melhor do mundo, no banco e longe de sua melhor forma.
Até mesmo a hegemonia na França vem sendo desafiada. O líder ao fim de 16 rodadas é o Lens, que não conta com grandes estrelas e não tem como competir financeiramente com o rival.
Bayern, exceção das quartas
Eliminado pelo PSG nas quartas de final, o Bayern é uma exceção entre os que atingiram essa fase do torneio. A realidade do time bávaro não é muito diferente da do algoz – a hegemonia é inquestionável no nacional. E continua sem rivais em 2025/26, invicto em 15 rodadas, com apenas dois empates no caminho.
Borussia Dortmund, Al Hilal e Palmeiras outros eliminados nas quartas de final, tem poucos motivos para comemorar até aqui. Não pode-se dizer que o Dortmund desempenha abaixo das expectativas, mas os aurinegros caíram cedo na Copa da Alemanha e devem se contentar com um segundo lugar na Bundesliga. Os árabes sentem menos, porém ocupam apenas o terceiro posto na liga local, e o Alviverde terminou derrotado em todas as frentes em 2025.
Fluminense e Real Madrid avançaram e ficaram entre os quatro melhores do mundo, sem conseguirem mostrar o mesmo patamar pós-Mundial. O Tricolor terminou o ano com impressionantes 79 jogos e, embora tenha tido temporada recorde em receitas, teve de se contentar com uma vaga na Libertadores conquistada na última rodada do Brasileirão.
Para o Real, vencer costuma ser a única opção, e hoje são quatro pontos de desvantagem para o arquirrival, Barcelona, e com muitos questionamentos ao trabalho de Xabi Alonso. Vini Júnior, Rodrygo e Endrick também sofrem com a má fase – o último teve de seguir por empréstimo para o Lyon para tentar ganhar mais minutos em campo.
A Copa do Mundo de clubes só volta a acontecer em 2029. Até lá é possível que os participantes se preparem melhor para mais um torneio no calendário. Melhor do que fizeram em 2025, com consequências que podem aumentar as críticas à Fifa por aumentar ainda mais o número de jogos, em um contexto em que o sucesso pode cobrar um preço caro…
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