A luta da Portuguesa em 2025 foi contra o rebaixamento, mas as coisas devem melhorar para 2026. A Lusa passa por um processo importante de transformação em SAF, tem um projeto concreto de futebol que entra no segundo ano e verá, muito em breve, os frutos serem colhidos dentro de campo. Os investimentos são uma realidade no Canindé, e não só para o Paulistão de 2026.
O foco para os próximos anos é que a Lusa volte aos tempos áureos, e o processo começa em 2026. Para o Campeonato Paulista, a equipe paulistana foi atrás de Fábio Matias, campeão como auxiliar no Botafogo e ex-treinador de Juventude e Coritiba, para o cargo na beirada do gramado. E a preparação, como um todo, passa muito pelo paulista de 46 anos.
Portuguesa agora tem projeto
A transformação no Canindé será violenta. Depois de anos amargando a segunda divisão paulista e degringolando desde a última participação na Série A, em 2013, a Lusa, enfim, começou um projeto para se reerguer e voltar aos anos de glória. E 2026 será um ano crucial para o futuro da Portuguesa.
“O projeto da Portuguesa é muito bem estruturado, bem organizado e comandado por pessoas sérias. O clube passa por uma remodelagem importante. É pela história e pelo projeto que eu aceitei estar aqui. A Portuguesa hoje sai na frente pela questão econômica. Nós, hoje, temos condições, mas é um campeonato difícil. São oito jogos em 40 dias. Nossa equipe vai ter que correr mais e estar mais organizada”, disse Fábio Matias, em entrevista exclusiva para oGol.
O comandante da Lusa faz parte da nova safra de treinadores brasileiros. Ainda jovem e recente na função, Fábio soma passagens por Botafogo e Flamengo em funções secundárias e treinou Coritiba, Juventude e Atlético Goianiense antes de aceitar o convite para chegar ao Canindé. É a segunda vez que Fábio montará um elenco do zero, com a sua própria cara.
SAF traz dois ‘reforços de Série A’
Desde setembro, quando foi anunciado, Fábio Matias tem dedo decisivo na montagem do elenco da Portuguesa para o Paulistão de 2026. A estruturação do time, porém, começou um pouco antes: a Lusa garantiu as permanências de 13 atletas: João Paulo, Sciencia, Guilherme Portuga, Marcelo Freitas, Denis, Lohan, Keven Coloni, Cauari e De Paula) e os retornos de Bruno Bertinato, Eduardo Biazus, Gustavo Henrique, Hudson, Igor Torres e Maceió.
No mercado, a Portuguesa viu o fator “SAF” surtir efeito no processo das contratações. Com inspiração no Lens (projeto antigo do CEO da Lusa, Alex Bourgeois), que foi da segunda divisão da França ao vice da elite em três anos, o foco é utilizar a análise de dados na contratação de jogadores. A Portuguesa usa inteligência artificial para mapear talentos “escondidos” e sair na frente de seus rivais. Na prática, o que o scout do clube faz é transformar números em rankings, para conseguir comparar jogadores e encontrar os mais eficientes.
E não só nisso, mas também no nível dos reforços. Não à toa que o clube foi atrás de nomes como Gabriel Pires, ex-Fluminense, Benfica e Botafogo, e Eric Botteghin, ex-Modena e Feyenoord, “jogadores de Série A”, como disse Fábio Matias. Outros jovens destaques entre as Séries B e C do Brasileirão e mundo afora chegaram ao Canindé para somar força ao elenco.
“Na concorrência com outros clubes, às vezes eles oferecem mais, mas a gente dá garantia de pagamento. É isso que a Portuguesa tem e o que a Portuguesa vende. É um projeto. Eu preciso que o jogador queira estar no clube. Se for só pela questão financeira, esquece. A gente quer que o jogador tenha prazer e compromisso em estar aqui”, pontuou o comandante.
Em contrapartida às contratações, a equipe do Canindé sofreu com baixas para o Paulistão de 2026. Dentre nove saídas, a principal fica por conta de Cristiano, meia atacante de 38 anos que era referência da equipe, com a camisa 10 e a faixa de capitão, e que foi o artilheiro do clube em 2025, entre Paulistão e Série D, com dez gols marcados em 26 jogos.
Chegadas: João Vitor (ex-Londrina), Eric Botteghin (ex-Modena), Carlos Eduardo (ex-Tochigi City), Gustavo Salomão (ex-Retrô), Zé Vitor (ex-Maringá), Gabriel Pires (ex-Pansseraikos), Renê (ex-São José-RS), Matheus Cadorini (ex-Real Murcia) e Matheus Cecchini (ex-SV Stripfing)
Saídas: Rafael Pascoal, Pedro Henrique, Alysson Dutra, Robson, Barba e Everton
Craque: Gabriel Pires
O currículo de Gabriel Pires fala por si só. Depois de dez temporadas no futebol europeu, o meio campista retornou ao Brasil para defender Botafogo e Fluminense, em 2023 e 2024, respectivamente. Após rápida passagem pela Grécia, o meia retornou ao Brasil para jogar pela Portuguesa. A qualidade técnica de Gabriel é indiscutível, com a titularidade encaminhada no Canindé, mas a questão física pode atrapalhar, visto que o atleta perdeu 40 jogos por lesão em dois anos no Rio de Janeiro.
“O Gabriel veio aqui para se condicionar. A nossa pré-temporada começou em 18 de novembro, ele está aqui desde outubro. É um risco? É, não é um jogador jovem. Mas ele trabalha muito, às vezes a gente tem que ‘brecar’ ele. Ele tem prazer em jogar futebol e tem respondido muito bem até aqui, mas (lesão) pode acontecer. É um esporte de alto rendimento”, disse o comandante da Lusa.
Fique de olho: Matheus Cadorini
Enquanto Maceió é o principal destaque do setor ofensivo da Portuguesa, Matheus Cadorini é quem pode surpreender com um bom futebol. Cria do Internacional, o atacante se destacou pelo Ituano antes de ir jogar na Espanha. A passagem do centroavante oportunista e bom pelo alto no Real Murcia, porém, durou apenas 17 partidas. A esperança é por despontar no futebol paulista, de olho em jogar o Brasileirão, seja Série A ou B, no segundo semestre.
Expectativa: Pode surpreender
Candidata fiel ao rebaixamento em 2025, a Portuguesa fez por merecer a permanência, investiu com a ajuda de sua SAF e, para 2026, pode sim brigar por uma classificação às fases finais do torneio. O formato pode ser ingrato com a Lusa, já que os combates são duros: Palmeiras, Capivariano, Velo, São Paulo, Guarani, Primavera, Ponte Preta e Mirassol são os adversários. Uma tabela complicada para um campeonato tão curto.
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