O técnico Carlo Ancelotti convocou a seleção brasileira nesta segunda-feira, 3, e a lista conta com apenas um estreante: Luciano Juba. O jogador do Bahia é um dos melhores – se não o melhor – da sua posição no Campeonato Brasileiro e ganha a oportunidade na Amarelinha como coroação de uma trajetória que há pouco tempo era na várzea pernambucana.
 Luciano Juba tem 26 anos e é um dos pilares do Bahia que caminha a passos largos para conseguir a melhor campanha da sua história nos pontos corridos, além de disputar uma vaga direta na fase de grupo da próxima Libertadores. 
 Convocado por Ancelotti, Luciano Juba até 2017, quando tinha 18 anos, estava disputando campeonatos de várzea e foi campeão da Liga União de Futebol Amador de Pernambuco pelo Bahia Curado. O clube do bairro onde cresceu em Jaboatão dos Guararapes (Pernambuco) leva justamente as cores e o escudo do Bahia, atual clube do lateral. Poderia ser um sinal. 
 “É um time do bairro onde moro, clube que sempre joguei na várzea. Os caras me chamaram para jogar e eu fui, sempre jogava lá”, relembrou Juba quando chegou ao Tricolor Baiano. 
 Juba agarrou as oportunidades e chegou ao Sport em 2018, estreando dois anos depois, ainda como um atacante de lado. Em 2021, ele foi emprestado ao Confiança e retornou ao Leão no segundo semestre, ganhando mais minutos. 
 Ora lateral, ora atacante, Luciano Juba foi mostrando o seu talento no Sport e explodiu em 2022, quando marcou 10 gols e deu 9 assistências naquela Série B. Em 2023 viveu seu auge no Leão e garantiu incríveis 20 gols e 18 assistências mesmo antes do final da temporada. 
 Ida polêmica ao Bahia
 Luciano Juba não chegou a um acordo de renovação por Sport e viveu uma situação delicada ao assinar um pré-contrato com o Bahia, rival regional do clube pernambucano. Por meses, Juba jogou sob desconfiança da torcida (mesmo com a assinatura sendo tratada apenas como boato), teve uma queda de rendimento, mas seguiu a referência daquele equipe, que acabou falhando na Série B. 
 A ida ao Bahia ainda foi repleta de problemas, já que ele tinha contrato com o Sport até o final de agosto e chegou oficialmente no clube baiano após o encerramento da janela de transferências. No entanto, amparado por Fifa e CBF, o Tricolor seguiu com a negociação. O Leão, que perdeu seu craque de graça para um rival, ficou na bronca. 
 Juba precisou se adaptar no Bahia, já que estava brilhando como atacante, e acabou escalado como lateral-esquerdo por necessidade ainda com Renato Paiva. Rogério Ceni chegou naquele ano e o jogador virou um ala em esquema que tinha três zagueiros. Mais recuado só marcou pelo primeira vez noTricolor em dezembro, mas com importância: foi dele o gol que destravou o jogo contra o Atlético Mineiro e garantiu a permanência na Série A. 
 Artilheiro no Sport, Juba jamais retornou ao ataque atuando pelo Bahia. Nos últimos dois anos virou realmente um lateral-esquerdo. Com Rogério Ceni, Juba melhorou seus índices defensivos e virou peça essencial na saída de bola tricolor pela sua qualidade de construção por baixo. Ele não dá amplitude como um lateral de apoio, mas se junta a nomes como Caio Alexandre, Everton Ribeiro e Jean Lucas no meio de campo durante a fase ofensiva. 
 Nos Bahia desde 2023, o lateral Luciano Juba marcou 9 gols e deu 13 assistências. Além da vocação ofensiva e da qualidade de construção, ele também se destaca pela saúde. Em pouco mais de 2 anos no clube soma mais 130 jogos. 
 Lateral de seleção
 O desempenho de Juba em 2025, especialmente no Campeonato Brasileiro, tem colocado seu nome como selecionável a cada convocação de Carlo Ancelotti na seleção brasileira. A chance veio nos amistosos contra Senegal e Tunísia, que encerram o calendário brasileiro em 2025 e serão usados pelo treinador para mais testes. 
 “Quero conhecer de perto os jogadores e as pessoas. Esses testes são para não errar na lista definitiva”, disse Ancelotti.
 O treinador italiano foi questionado especificamente sobre Luciano Juba após anunciar a convocação nesta segunda-feira e ressaltou as características do jogador do Bahia, relembrando a assistência no jogo contra o Bragantino na véspera. 
 “É um jogador com perfil técnico muito importante, fez uma assistência muito boa para o gol do Bahia. É um atleta que pode atuar por dentro ou como lateral-esquerdo. Está indo muito bem com o Bahia”, elogiou Ancelotti.
 “Acredito que, pela avaliação que temos feito na lateral esquerda, também podemos fazer uma avaliação sobre ele (Juba). Fazemos testes para não nos equivocarmos no dia da lista final. Foi assim que encontramos Douglas Santos, um lateral que não era tão conhecido e vem mostrando qualidade”, completou o treinador. 
 E Juba pode ter motivos para sonhar: em números ofensivos ele tem sido bem superior aos concorrentes da posição convocados recentemente por Ancelotti, mais precisamente Alex Sandro, Caio Henrique, Carlos Augusto e Douglas Santos. 
 Para Luciano Juba ainda pesa a favor a sua saúde. Alex Sandro é mais experiente e defensivo, sendo jogador de confiança de Ancelotti, mas sofre para ter uma maior sequência de jogos. Em 1 ano e meio de Flamengo são 48 jogos, 1 gol e 1 assistência. Caio Henrique, também convocado agora, não vive seu auge físico e teve grave lesão em 2023. Nos últimos dois anos e meio fez 58 jogos pelo Monaco. 
 Para Juba, a missão agora é deixar boa impressão para a comissão técnica de Ancelotti, e se tiver minutos, ir bem nos amistosos. A chegada na seleção brasileira está marcada para o dia 10 de novembro para jogos contra Senegal no sábado, 15, e Tunísia, na terça-feira, 18.
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