O avanço da regulamentação das apostas esportivas no Brasil tem consolidado o setor cada vez mais no centro do entretenimento esportivo no país. O futebol, já enraizado na cultura nacional, é o maior protagonista: segundo dados de uma plataforma legalizada, a modalidade concentra quase 90% do volume de aposta online.
Os números também mostram os momentos e mercados de apostas que atraem os milhões de usuários para as bets. De acordo com a KTO, quase 48% das apostas ocorrem em tempo real, durante os jogos, enquanto 45% são feitas de forma prévia.
O mercado de resultado final é o mais procurado, responsável por 41% das jogadas, seguido por “ambos os times marcam” (5,5%) e “chance dupla” (4,8%). O comportamento dos apostadores indica preferência por eventos de grande audiência e times de massa, com Flamengo, Botafogo e Cruzeiro entre os mais apostados em agosto.
Os campeonatos nacionais também refletem o interesse regional. O Brasileirão respondeu por 11,8% das apostas no período, superando torneios internacionais como a Premier League e a Liga dos Campeões. Entre os confrontos mais escolhidos estão clássicos e duelos com alto volume de torcedores ativos em plataformas digitais.
Bets dominam patrocínios no Brasileirão
O cenário reflete o tamanho da indústria no país: todos os 20 clubes da Série A do Brasileirão 2025 têm algum tipo de patrocínio com casas de apostas, segundo levantamento do ge. Em 90% dos casos, as empresas ocupam o posto de patrocinador master.
Flamengo, Corinthians, São Paulo e Fluminense estão entre os que recebem os maiores valores anuais, com cifras que ultrapassam os R$ 100 milhões por temporada. Especialistas apontam que a entrada das bets impulsionou o volume de investimentos no futebol, mas também ampliou a necessidade de políticas de integridade.
Perfil do brasileiro que aposta online
Um levantamento da KTO e de outras fontes do setor indica que a maioria dos apostadores pertence à faixa etária entre 25 e 40 anos (42%), e que 59% são homens. A concentração geográfica está nas regiões Sudeste e Sul, com destaque para São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais. Quase metade dos apostadores pertence às classes B1 e C1, caracterizando uma predominância de classe média.
O estudo mostra que 63% dos usuários gastam até R$ 100 por mês, e 38% afirmam usar as apostas como complemento de renda, o que reforça a necessidade de políticas públicas de prevenção a comportamentos de risco. Ainda assim, o fator predominante para apostar é a diversão: 72% dizem apostar por entretenimento, e não por retorno financeiro.
Outra pesquisa recente, do PoderData, revelou um dado inusitado: 41% dos evangélicos brasileiros afirmam já ter apostado em alguma bet, contra 34% dos católicos. A diferença chama atenção porque as igrejas evangélicas são tradicionalmente mais categóricas em condenar o jogo.
Segundo o levantamento, 35% dos fiéis que apostam, de ambas as religiões, declararam ter se endividado devido aos jogos. O estudo ouviu 2.500 pessoas em todo o país e tem margem de erro de dois pontos percentuais.
O dado reforça o crescimento da aposta online em todos os segmentos da sociedade, impulsionado pela popularização das plataformas digitais e pelo patrocínio maciço no futebol.
Políticas contra manipulação de resultados
A expansão das apostas também trouxe preocupação com a integridade esportiva. Desde 2023, o governo federal tem intensificado medidas para coibir fraudes.
Em setembro de 2025, foi criado o Grupo de Trabalho Interministerial (GTI) para o combate à manipulação de resultados esportivos. O grupo reúne os ministérios da Fazenda, Esporte e Justiça, além da Polícia Federal, com o objetivo de estruturar uma Política Nacional de Integridade no Esporte.
Durante o I Encontro Técnico Nacional sobre Combate à Manipulação de Resultados Esportivos, o GTI apresentou novas ferramentas de controle, como o Apito Cidadão, plataforma digital para denúncias anônimas, e o Manual de Combate à Manipulação de Resultados, que orienta a atuação preventiva e repressiva.
As ações incluem capacitação de policiais e cruzamento de dados de apostas suspeitas, com apoio do Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime (UNODC).
Essas medidas têm como uma de suas finalidades evitar novos episódios como o da Operação Penalidade Máxima, que revelou esquemas de manipulação em partidas de futebol e levou à punição de jogadores, incluindo Eduardo Bauermann e Paulo Miranda, com suspensões que variam de um a três anos.
O secretário de Prêmios e Apostas, Regis Dudena, afirmou que o objetivo do governo é consolidar um mercado saudável de apostas e proteger a credibilidade do esporte, garantindo a transparência das competições e prevenindo fraudes.
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