Com mais ovelhas que habitantes, as Ilhas Faroé se acostumaram a serem vistos como “sacos de pancada” no mundo do futebol. Não mais. O pequeno arquipélago, com cerca de 55 mil habitantes, surpreende nas eliminatórias da Uefa, com resultados nunca antes vistos, e um sonho: participar de uma Copa do Mundo.
O feito deste domingo, ao vencer a República Tcheca por 2 a 1, foi único na história do país. Foi a terceira vitória em sequência, e a mais surpreendente, por ser contra um país com ampla tradição no futebol. Antes, os faroeses haviam vencido Montenegro (país 10 vezes maior) e a ainda mais modesta seleção de Gibraltar. Nunca antes a “Ilha das Ovelhas”, como remete o nome oficial, havia vencido três em série.
Vencer, por sinal, não faz parte da tradição local. Parte do Reino da Dinamarca, mas com governo independente e tendência cada vez maior à separação, as Ilhas Faroé colecionam anos sem vitórias. As quatro de 2025 constituem mais um recorde para o país (Gibraltar foi derrotada duas vezes pelos Faroeses).
O resultado é uma disputa equilibrada no grupo L das eliminatórias, com três seleções em busca de uma vaga direta e outra para a repescagem. A Croácia tem 16 pontos, contra 13 da República Tcheca e 12 das Ilhas Faroé. Os croatas são os grandes favoritos e tem justamente as Ilhas Faroé como próximo rival. Devem agora tomar cuidado com a zebra… Ou seria com as Ovelhas?
Quem faz história com as Ilhas Faroé?
A vaga na Copa do Mundo pode terminar por não vir, mas os resultados mostram com clareza a evolução do futebol das Ilhas Faroé. O time encontrou um modelo de jogo coletivo ao mesmo tempo seguro e ousado, sob comando de Eydun Klakstein, de 53 anos.
A carreira do líder faroense como jogador foi dedicada ao KÍ Klaksvík, que o leitor mais atento pode ter escutado falar brevemente nos últimos anos pelas batalhas nas fases classificatórias da Liga dos Campeões. Eydun deu os passos justamente no clube, uma potência do país, e assumiu o posto na seleção inicialmente nas categorias de base, antes de ascender para a equipe principal. Mantém um retrospecto para lá de positivo para uma micro-nação: cinco vitórias em dez jogos.
A seleção não tem grandes astros internacionais, ninguém das cinco grandes ligas. Mas é cada vez mais profissional. Boa parte dos atletas defende justamente o KÍ Klaksvík. Outros migraram para ligas nórdicas de maior relevo.
Hanus Sorensen e Árni Frederiksberg, com três gols cada, são os artilheiros da equipe no momento nas eliminatórias. Sorensen tem 24 anos e atua na segunda divisão da Eslovênia. Frederiksberg é um veterano, com 33 anos, importante nome do KÍ Klaksvík.
Com essas figuras, a seleção das Ilhas Faroé vai atrás do que antes parecia impensável. Não será fácil, mas a Ilha das Ovelhas já mostrou que pode surpreender, no que seria, certamente, uma das grandes histórias para 2026.
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