Marcar dois gols e dar uma assistência contra o Barcelona certamente ajuda (palavras do próprio Roberto Martínez), mas o que realmente explica a convocação de Carlos Forbs para a seleção portuguesa, para os decisivos duelos contra Irlanda e Armênia nas Eliminatórias para Copa de 2026, vai muito além de uma grande atuação.
Aos 21 anos, o atacante do Club Brugge, da Bélgica, vive o melhor momento de sua curta carreira e parece, enfim, encontrar o espaço que buscou desde que deixou Portugal ainda criança.
Do início em Sintra à ida indesejada para Inglaterra
Natural de Rio de Mouro, em Sintra, Forbs cresceu entre brincadeiras de rua e os primeiros chutes nas escolinhas do bairro. Foi no pequeno Núcleo de Atividades do Conselho de Sintra e, depois, nas categorias de base do Sporting, que começou a se destacar, ainda como um garoto tímido, mas com faro de gol e drible rápido.
Tudo mudou aos 11 anos, quando seus pais, naturais da Guiné-Bissau, decidiram deixar Portugal em busca de melhores condições de vida e foram para Inglaterra, a contragosto de Forbs, que não queria deixar a vida em solo português.
Primeiro passaram por Leeds e, mais tarde, se estabeleceram em Manchester. Carlos, contrariado pela mudança, viu a distância dos amigos e do clube que amava se transformar em um novo desafio.
Manchester City: o talento que encantou, mas não subiu
Foi nas categorias de base do City que Forbs percebeu que poderia ser jogador profissional. Ao longo de oito temporadas, empilhou gols e assistências, conquistando o carinho dos torcedores e chamando atenção por sua versatilidade e capacidade de atacar a profundidade, seja pelo lado esquerdo ou pelo direito do campo.
O problema é que o salto final nunca veio. Mesmo com números expressivos, Pep Guardiola não o integrou ao elenco principal, e o jovem português começou a procurar novos rumos.
Em 2023, Forbs acertou sua transferência para o Ajax, por 14 milhões de euros. A aposta parecia certeira, mas o clube holandês viveu um ano caótico: terminou apenas em quinto lugar no Campeonato Holandês, e o português perdeu espaço.
O empréstimo ao Wolverhampton, na temporada seguinte, também não trouxe os resultados esperados. Foram apenas 11 jogos e nenhum gol, num período que o próprio jogador já admitiu ter sido o mais difícil da carreira.
A “reconstrução” na Bélgica
Quando o Club Brugge demonstrou interesse, poucos imaginaram que o jovem conseguiria se reinventar tão rápido. Mas foi exatamente o que aconteceu.
Sob o comando de Nicky Hayen, Carlos Forbs se tornou titular absoluto, soma 19 partidas, cinco gols e cinco assistências, e viveu sua noite mais especial ao marcar dois gols e dar uma assistência contra o Barcelona, chamando a atenção do continente europeu, especialmente de Roberto Martínez.
Mais do que estatísticas, Forbs reencontrou confiança, ritmo e alegria em campo. O investimento de 8,5 milhões de euros do Brugge já se mostrou plenamente justificado.
Ainda é cedo para fazer qualquer prognóstico, mas a convocação de Roberto Martínez é o reconhecimento de uma trajetória de superação. Forbs já havia se destacado nas seleções sub-19 e sub-21 de Portugal, mas agora terá a chance de mostrar seu talento no mais alto nível.
De Sintra a Bruges, passando por Manchester, Amsterdã e Wolverhampton, a história de Carlos Forbs é marcada por mudanças, incertezas e renascimentos. E, aos 21 anos, o garoto que um dia não queria sair de Portugal finalmente retorna ao país, não para recomeçar, mas para se tornar um rosto notável no futuro.
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